Andora

Subi um pouco mais a colina.
Nunca gostei de vir sozinho nessas areas. sempre achei muito deserto e tem muitos animais
peconhentos, fora torcer um pe e essas coisas, mas me pareco bem adaptado agora q ja vim aqui tantas vezes.
Ja vejo que o sol ira se por em breve. Estou com celular mas nao quero saber as horas. Nao faz diferenca
se sao 18 ou 18:30, nao muda nada, o que muda é se esta escuro ou claro e isso posso saber só de olhar.

Me vejo um pouco cansado. Estou no topo da colina agora. O sol se pôs.
a lua esta gigante. Nao precisarei da lanterna.

Tem uma pedra aqui no topo, perfeita pra se deitar.
Estou meio que de canto. a cachoeira a direita.
O som da Agua me faz pensar, ou ter sono, ou os dois.
Paro de dominar minha mente e os pensamentos fluem por si só sem amarras.


Gosto de estar em lugares onde as coisas sao grandes. Coisas grandes mas nao construidas por humanos.
Ta, tirando as piramides. Nas piramides eu ia pirar tambem. Enfim.
To deitado. Tenho ouvidos atentos. Som da agua, uns morcegos assobiando. Parece q aqui no topo da cachoeira
é a casa deles. Tem varios.
Ouço varios sons. A agua caindo faz um som sombrio. Tem horas q parece q ouço passos. Alguem se locomovendo.

Olho pra tras. Nada. Lua cheia, agua, morcegos assobiando.
Deito denovo tudo em paz. Ouço passos. Que porra, vou ficar cismando com passos agora?!
To num lugar irado e fico nessa?!
Olho pra tras. Vejo um vulto, ou estou com sono.
O vulto se aproxima, parece q nao me viu. Ja vi que sono nao é.
Quem estaria aqui a essa hora?
Estou a kms de qualquer civilizacao. Lugar Ermo. Cheio de cobras, e o trekking é pesado.
Nao é qualquer um que estaria aqui a essa hora. 11 da noite.

O vulto ta vindo. Continuarei quieto aqui. Ele esta indo em direcao a agua.
Se abaixa, faz um movimento rapido e pega um peixe. Como assim? Ele ta com um trem na mao, meio que uma luva.
Parece uma luva mas tem garras. 
 Que merda é essa?

Ele pega o peixe e joga em uma bolsa que esta nas costas. Nem tirou das costas. Só jogou o peixe pra tras.
Habilidoso, posso dizer. Ele olhou pra ca. Cotinua agachado. Sera que me viu? Nem mexi.
Se levantou ainda olhando pra ca. Puta que pariu. Ele tem aquela luva. Eu tenho nada. No maximo umas pedras aqui perto.
Talvez se ele vier eu ja pego uma. Sei la. Sempre fui bom de mira.

Ele esta vindo pra ca. Esta a uns 100m. Agora 90. 80.70.60.
Comeco a procurar uma pedra mais perto com o canto do olho. Nao ousei me mexer. Vai q ele ta só passando.
- Eu to te vendo ai, se essa é a sua duvida. - disse o vulto.
   continuei calado. Vai que nao é comigo.
- Voce sabia que a lua é um pedaço da terra? -  disse o vulto enquanto olhava pro ceu, pensativo.
   agora o papo ficou estranho. Nao sei se respondo. vou manter a estrategia de fingir ser paisagem.
- A terra se chocou com um planeta grande na epoca em que a estrela sol teve sua nebulosa.
mas nao vou ficar com esses papos, to vendo que nao ta te agradando. - fez uma pausa - Virou estatua?

- Boto fe nessa historia da lua aí. - respondi

foi uma pessima ideia pq agora ele ta se aproximando. A luva brilha com a luz da lua. To fudido.
Todas as pedras aqui estao bem enfiadas no chao. Percebi. Mais facil eu ganhar em uma luta corporal com
esse cara do que tirar alguma pedra desse chao.

Ele foi se aproximando, dai vi. É um homem. traços de negro. mas mt mt branco. Albino.
Ele notou meu olhar de espanto perante sua imagem.

- Nao se assuste. Eu nao pego sol. Só ando a noite. Fui criado assim. Moro aqui nessas terras.

Eu ja tinha desistido de tirar pedras e tb de lutar. O cara dava 2 de mim, tinha aquela luva la.

- Meu amigo noturno, estamos em area de parque federal. Ninguem mora ou pode morar auqi dentro. Que historia
é essa?

- Minha comunidade esta aqui desde antes dos povos originarios de voces.

- Voces? Essa eu nao peguei.

- Voces.

- Ta beleza. Nossa comunicacao ta otima.

- Venha vou te mostrar.

Entendi como uma ameaça mais do que como convite. Ele finge ser educado, eu fingo que vou sobreviver a isso tudo.
E boa.
Levantei. Bati a poeira da calça. Peguei minha mochila pesada. Tinha batata, pao, cachaça do meu vizinho (ele vende cachaca,
tem um tanto na casa dele, mas nao bebe, vai entender), isolante termico, etc etc. ces entenderam, tava pesado.

Ele se virou e comecou a andar pra esquerda, pra longe da queda da cachu. Eu fui atras neh, com minha mochilinha.
Pensei "correr dele? Sei la se tem como. To no topo do trem, na minha direita a cachoeira com uns 50m de altura no minimo, a esquerda mato fechado
exatamente onde ele ta indo. Pular no rio e cair na cachu nao vou." decidi segui-lo.

Ele me esperou na porta da trilha, isso mesmo tinha  uma porta. Nao entendi muito bem aquilo. As arvores, cipo, folhas, formavam meio que um tunel.
E com uma madeira q de longe parecia uma arvore, mas de perto parecia uma porta, se passava. Ele passou. Fui atras. Descemos.
Descemos e descemos.
Estranhamente o ar tava bom pra respirar. Descemos o que equivaleria a 3 vezes o tamanho da cachu. Nao havia barulho. E nao era escada.
era um chao liso. Terra com pedrinhas, coisa assim. sem degraus.
Tava bem escuro. Eu bem fudido. e se abriu um grande salao. Gigante. Do tamanho de uns 100 campos de futebol. Era uma cidade.

Ele botou o braço na minha frente.
- Nao va alem dessa borda. É estranho pro povo daqui ver um de voces. Poucos saem. Somente os Atelites podem sair.
    Eu tinha tantas duvidas que nem perguntei o que seria um Atelite.
 Ele me levou pra um tunel a direita. Entrei. deu em um salaozinho. Haviam cadeiras. Ele se sentou. Eu me sentei.
Monkey see, monkey do.
  Ele tirou a luva colocou em uma mesa.
- voce tem alcool ai neh? sinto o cheiro daqui. - perguntou ele.
 Eu havia tomado uma dose mais cedo. tinha entornado um pouco em mim pq me assustei com um lobo guara. Era a primeira vez q tinha visto um.
 Mas isso foi la atras antes de subir na cachu, entao voltaremos ao presente.
- Coloca uma dose pra nós. Qual seu nome?
- Pancreas. - menti
- Pancreas? Sou Benotel.
 fiz uma aceno com a cabeça, peguei a bolsa e comecei a fuçar. Achei a garrafa. Eu só tinha um copo. Coloquei uma dose dupla. Dei uma golada.
Fiz cara feia e entreguei o resto  a ele. Ele deu uma golada, fez cara feia e devolveu o copo. Estava vazio.
- Muito bem Benotel. O senhor vai me matar agora ou vai esperar mais um shot?
- Te matar? Meu amigo Pancreas, voce é muito violento por natureza. Voces tem isso.
- Entao se eu sair daqui andando e voltar pro meu mundo la em cima o senhor vai ficar de boa?
- Se quiser sim. mas gostaria de dizer que tenho pouco contato com os de cima. E gostaria que ficasse um pouco mais para que possamos conversar.
- Ok, eu fico. mas com uma condicao.
- Qual?
- Que voce me de uma dose da cachaca de voces.
- É isso? hehehehe. Voce é um pessimo representante da sua especie, senhor pancreas.
- Sim eu sei.
- ja volto.
 Ele se levantou, foi até uma portinha da qual eu nao tinha notado até ele ir. Abriu, entrou.
 Voltou com uma garrafa na mao.
- Nós nao temos cana de açucar, jaboticaba, ou esse tipo de produto fermentavel por aqui. mas conseguimos fermentar outros elementos.
O sabor é pior, eu acredito. Pelo menos pra voce.
- Ta beleza, chega de amigo oculto e serve a dose.
 Ele encheu dois copinhos. Belissimos feito de pedra. Pedra negra, como uma turmalina. Algo assim.
 Levantamos o copo, bebi, ele bebeu. A bebida bateu no meu ceu da boca, de um jeito que eu nunca senti.
 Gosto horrivel, dormencia da boca e da garganta. Gostei.
- Essa bebida se chama Beterotum.
- Tudo aqui comeca com B?
- Nao, isso foi só conhecidencia. Meu avô se chamava Benotel, meu Pai Tupituns. Herdei o nome do meu avo.
- Tupituns? Sorte sua que ce herdou o do seu avo.
      Eu ja tava me sentindo em casa com meu amigo albino.
- Voces estao muito avançados tecnologicamente. Isso me gera satisfacao.- disse ele
- Sera? - Respondi
- Vejo que tem producao de comida que daria para alimentar todo o planeta por uns 20 anos no minimo.
- Sim. (achei melhor nao explicar que milhares morrem de fome, que sem pagamento pela comida os produtores / governo preferem jogar fora do que
alimentar alguem. Que sem dinheiro = sem comida. mesmo tendo muita comida. enfim)
- há pressagios aqui em baixo de que voces estao notando o fim dos tempos de vida. Pra voces. E talvez tambem para nós.
- A gente tem notado muita coisa Senhor Benotel. Mas é complicado eu te falar sobre isso. Muito amplo.

  Ouvimos um barulho. Pessoas vindo. Benotel corre e me esconde dentro de outra porta da qual eu tambem nao havia notado.
  Era um quartinho. Entrei. Passa alguns segundos ele volta. Me levou pra outra porta dentro desse Quartinho. Fomos adentrando varios corredores.
  Sem chance de eu conseguir voltar sozinho. Só me fodo. Entramos, entramos, Entramos. Um labirinto essa porra.

- Nao posso deixar que te vejam. De forma alguma.
- Imagino que ces nao gostem da gente mesmo.
- Nós temos medo somente. Moramos aqui a anos mas cruzamos pouco com voces. Ces sao como uma raça desconhecida pra nós.
- E eu sou um dos mais feios por la heim. Ja vou logo avisando. Ce tem que ver a Rihanna.
- Pancreas, Rihanna. E o nome do meu pai que é feio!
- olhaaaa, Senhor Benotel tem senso de humor. Poucos la em cima tem isso.
- shiiii. Silencio.
 Realmente. Haviam ruidos. Pessoas conversando. Lingua estranha. Risadas.
 Ele me levou por varias portas. Nao deu muito tempo pra conversar. Quando vi. Sai em outra parte do parque. A uns 4 km da cachoeira que eu estava.
- Adeus Pancreas. Voltaremos a nos ver. Assim espero. Está muito agitado aqui hoje. Nao sei onde eu tava com a cabeça de te trazer logo no dia
das festividades.
- Festividades?
- Sem chances. - ele viu minha cara de empolgacao.
- Ta. Fica assim entao senhor Benotel.
Ele entrou fechou a porta eu sai. Andei uns 40 metros de mato fechado. Sai numa pedra mais limpa. Ja nao sabia muito bem como voltar. Merda.
Queria ter a oportunidade de tomar mais uma dose de Beterotum.

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Comentários

  1. Sigo gostando de estar perto de coisas que nao sao feitas por humanos. Tirando as piramides. E heinekein. Quando o benotel vai sair da toca pra explicar como faz beterotum?

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