Sete pés

Dei um tapa na mesa, puxei a arma, ele tambem.
Estavamos os dois de pé. Um de frente pro outro, dentro da casa dele, eu com um 22, ele tambem.
Fui la justamente tentar vender essa arma pois precisava da grana, mas ai ele começou a defender uma visao da qual
eu nao concordava muito, falei que ele era um idiota, ele falou algo assim de mim tambem, cuspiu na minha cara,
dei um tapa na mesa levantei puxei a arma, ele tambem.
Ele nao parecia ser muito ajustado socialmente.
Soube disso desde a hora que vi sua msg me convidando pra entrar pro clube de tiro. Os 22, se chamava o Clube.

Nao pensei muito pq pensar nessas horas nunca leva a um bom lugar.
Eu nao pretendia mata-lo mas tinha que dar um tiro em algum lugar onde o impedisse de atirar em mim de volta.
Meu ombro estava queimando. Cai no chao, ele foi mais rapido.
- Ce achou mesmo que ia ser mais rapido que o Fundador do Clube 22 de tiro?
- Cala boca. Olha o nome do seu Clube Mano. Nome RIDICULO. Seu filho da puta.

Eu nem sabia onde tinha ido parar minha arma, cai no chao meio sem programar, acabou que ela saiu quicando.
mas tinha uma pedra gigante que esse imbecil usava para parar a porta. Fingi que tava dando uma morridinha de leve,
ele começou a se desesperar, foi em um quartinho, talvez pegar uma pá pra me enterrar algo assim. Ouvi barulho de coisas tipo pá, martelo, enxada.
No que ele volta eu ja tava com a pedra na mao, de pé e PLOW. Uma só na testa.
Caiu no chao. Fez um som engraçado, caiu quebrando uma estante de vidro que ele tinha.
foi igual filme do batman, aqueles primeiros.
Aproveitei que ele tava vindo com a pá, e fui la fora da casa. Com a pá.
Casa de campo linda.
ele ia gostar de ser enterrado ali. Lugar calmo desses. Quem nao?!!

Comecei a cavar, Jesus maria jose. Ces ja tentaram cavar uma cova?
Da trabalho demais. Eu dei umas 300 pazadas e tava raso. Nao chegava nem na altura do joelho.
Resolvi que era hora de uma pausa pra almoço.
Vou ali na casa do defunto, lembro que tinha queijo na geladeira. Queijo Minas, com cafezim.
Entrei na casa, sangue no chao, prataria quebrada. Que confusao arrumamos. Plow. Senti meu rosto no chao.

Parece que o fdp nao tinha morrido. Me deu uma pancada na nuca. e agora estou eu aqui amarrado numa cadeira.
Pq q o povo cisma de amarrar a gente em cadeira? Fico a me perguntar.

Minha cabeça doia.
- Que bom que ce ja começou cavar sua propria cova! - falou ele um pouco abalado. A pedrada deu uma impactada nele, percebi.
- Ce sabe que todo homem pré morte tem direito a um ultimo pedido. - eu sentia dor ao pronunciar cada palavra.
- Isso é no corredor da morte. Antes da Execução. - ele tava meio cansado
- Uai, mas pra me enterrar, ce tem q me matar. Isso é execucao.
- Verdade. - ele parou olhou em volta - Qual seu ultimo pedido?
- Quero cafe e aquele queijo minas que ta na geladeira.
- FEITO.

parece que isso deu uma aliviada na consciencia dele. Levantou todo pimpao, serelepe. Botou agua pra esquentar, colocou cafe no bule.
E eu la tentando desatar o nó nas minhas maos de toda forma, pra de alguma outra forma enfrentar ele numa luta corporal, pra assim tomar o cafe
com mais tranquilidade.
Esse plano não tava dando muito certo pois nao conseguia desatar o nó.

- Ce ja foi marinheiro, escalador, ou algo assim? - Perguntei
- uhn? - fez cara de que nao entendeu
- Seu nó, ta dificil demaaais de tirar. Ai fiquei curioso.
- Eu trabalhei com transporte. Tinha q amarrar a carga, entendo bem de nó. Esse ai ce nao tira. Na vdd só vai apertar mais. - triunfou ele
- É eu percebi. - eu ja tava pensando em outro plano.
- com açucar ou sem açucar - Perguntou ele
- Sem açucar. - Dei uma piscadinha. Notei q ele tava tentando falar e embolando a lingua olhando meio vesgo.
   PLOW, Caiu no chao, pra tras, bateu a nuca na quina da pia da cozinha, sangue pra todo lado. Ficou la caido.
- A pronto. - falei, e só ai notei q tava falando sozinho.

Tentei quebrar a cadeira de todas as formas. Dei pulo. Cai pra traz, quase que eu me mato pra tentar quebrar
a cadeira e nao quebrou. Nisso o nó super bem feito do meu amigo, nao soltava nem a pau e eu ja tava começando a desistir.
Pensei, vou até o fogao, queimo alguma parte da corda, sem me queimar. Enterro o defunto e me vou.

Eu tava de consciencia limpa quanto a morte do, esqueci o nome dele, algo entre Vagner e Alessandro. Afinal, quem o matou foi a quina da pia,
eu tive nada com isso.

   Fui aos trampos e barrancos, eu e a cadeira, ate o fogao, fiquei la alguns minutos, queimei a corda e minha blusa xadrez favorita, consegui
me soltar.

 Tenho q lembrar de olhar a marca dessa cadeira pra comprar só dessa. Muito forte. Resistente.

Fui pegar o defunto e percebi que tava vivo.
Peguei minha caminhonete, coloquei ele nela com muito esforço. o tiro no braço tava doendo bem mais agora.

Ele acordou, ja no hospital, soro no braço, cabeça costurada.
Eu tambem estava bem.

- Vamo esquecer isso neh? - falei finalmente
- Eu desmaiei?
- Sim, bateu a cabeça na pia. Achei q tinha morrido.
- E o cafe? - Ele perguntou
- MEU DEUS É MESMO.

Sai correndo do hospital, peguei a caminhonete cheguei na casa.
O fogo tava até bonito. A muito tempo nao via um fogo tao alto. Adeus cadeira mais forte do mundo, adeus queijo minas. Tudo virando cinzas.
O fogo consumiu a casa toda. Sobrou nadica de nada.
Fui embora daquela cidade nunca mais voltei. Esse cara deve ta atras de mim até hj.

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