Churrasco

 as vezes andar sozinho é tao bom. Deve ser tipo morrer.

ja pensei o quanto deve ser bom morrer. e deixar esse planeta. Nao que eu ache

os humanos despresiveis e me considere um ser evoluido a ponto de precisar sair dessa encarnacao.

nao. Isso é papo de artista com ego inchado. Eu só queria pq a morte, era o que mais me apavorava quando crianca.

Fui uma vez em um velorio e vi a mulher la dentro do caixao. E olhei pra todos em volta.

Notei q todos notavam que um dia seriam eles. A galera nao chora só pelo morto. Chora tb por esse breve contato

com a real. dai olhei e vi eles fechando o caixao. Dai vi ele sendo baixado e o povo jogando terra em cima.

e pensei "um dia sera eu. talvez hoje quando eu sair daqui". e esse pensamento vem percorrendo minha mente desde entao.

Toda vez que alguem fala "po ano que vem vamo pra cabo frio", eu penso "se eu tiver aqui ainda"

toda vez q vejo minha mae penso que é a ultima vez.

Toda vez que nado em um rio penso que é a ultima vez.

E com o tempo isso se tornou comum.

Enfim, eu só acho bom morrer pq vai me aliviar de todo  esse pesar.

Nao terei mais medo de morrer pois ja tera acontecido.

Enfim, eu tava andando sozinho e vi um velho sentado no chao com um carrinho de supermercado cheio de coisas velhas dentro.

- tem um dinheiro nao senhor? um trocado. 

- Tenho algo melhor que isso. Te ofereço a morte. Voce quer? - eu tava bebado

- Nao moço. nao faça nada comigo por favor.

- só se voce quiser. - nao sei onde eu queria chegar com isso ja que eu nao iria mata-lo. isso atrasa o karma.

- nao quero obrigado. me deixe em paz. - disse ele apavorado.


sai andando pelo caminho. Me senti um zaratustra da vida falando coisas sem sentido pro pobre do moço. 


cheguei nos limites da cidade.

Dai aquilo neh, volta os humanos, volta violencia, volta estado de alerta, volta tudo. Dei uma respirada profunda e segui.

Entrei em um supermercado, passei em frente a um frango assado, comprei embrulhei pra viagem.

Comprei um litro de cachaca e fui la de volta ao meu unico amigo nessa cidade. O homem com carrinho de supermercado.


No que voltei ele me viu e ja se amedrontou.


- Calma irmao. Eu sou sozinho no mundo, nao coleciono amigos, esposas, amantes, filhos, nada. AS 

vezes gosto de companhia. Enfim, comprei um frango assado e uma cachaca. Vamo jantar?


o Cara nao queria aceitar nem fudendo.

Ficava pedindo pra eu me retirar. Senti que nao ia convence lo de comer comigo. Peguei minhas coisas e vazei.


Achei um mato de canto de estrada. Quase nao passa carro por aqui. Eu poderia comer no meio do asfalto mas prefiro terra.

Fui pro mato. Me deliciei com esse maravilhoso banquete. Tomei varias doses da cachaca. Estava comecando a ficar bebado quando os 4 caras chegaram.

1 deles era o cara do carrinho de supermercado.

- foi esse cara ai que me ameaçou. - e apontou pra mim.


Nao falei nada, só olhei pra eles. Esse noite haveria diversao.

Um deles tinha um pedaço de pau bem grande nas maos. Foquei nele.


Eles começaram a andar pra frente, estavam a 100 metros de mim. 

Foi a porra da fogueira que os trouxe ate mim. Mas foi bom pq tava frio. Enfim.

- voces aceitam uma dose de cachaca? Frango ja nao tem mais.

- Cala boca. Vamos te moer na porrada.


Lembrei do Aragorn no senhor dos aneis e peguei uma tora da fogueira, fiquei com ela na mao direita. A cachaca na mao esquerda.

Voces ja entenderam. eu ia fazer churrasco deles.


eles pararam a 30 m de mim. EU precisava de uma distancia menor pra poder tosta los.

A lua estava linda. Uma noite otima para churrasco.

Nisso o cara do carrinho viu o frango no chao todo despedaçado. E parou por um instante analisando tudo.

Nao entendi mt bem. Vai saber o cara é vegano e tava compadessendo do pobre animal. Sei la. Ou tinha um frango de estimacao

e estava lembrando dos bons momentos juntos.

Só sei que o cara olhou pra mim e falou:

- Achei q voce ia me envenenar com esse frango.

- envenenar? Tenho nem veneno aqui.

- voce chegou falando de me matar.

- nao, eu falei q tinha algo melhor que dinheiro. e era a morte mas só se voce quisesse.

- nao se fala isso com as pessoas.

- pq nao?

- pq nao. Vamos embora, ele nao passa de um maluco.


Vi que o cara com pau na mao ficou triste. Tentei melhorar o humor dele.


- ei vc com pedaço de pau na mao. qquer brigar?

 joguei a toxa de volta na fogueira pra nao ser covardia. Fiz boxe dos 7 aos 18 anos. Meu cruzado de esquerda na linha de cintura, seguido por um gancho tb de esquerda no  pé do queixo,

 iria acabar com ele. Sempre estou atras de uma oportunidade pra usa-los.

 Ele olhou pra tras. Nao disse nada e continuou andando.

Achei q isso ia anima-lo. Parece q nao.


- 4 contra 1 e ces ainda assim vao correr? decepcionado. - Balancei a cabeça com desaprovacao enquanto falava.


o com pedaço de pau parou. Era ele mesmo que eu queria. Olhou pra traz. Mostrei o dedo do meio e com mesmo dedo fiz sinal de VENHA SEU CUZAO.


Ele veio, só que com pedaço de pau. Eu nao tava contado com isso. mas improvisar é uma arte. 


Ele estava a 20 m.


- com a mao o dodoi nao sabe brigar neh? Com Pedacim de pau até o mais bosta quer brigar. Vem na mao.


ele caiu nessa. Jogou o pau longe. burro. Nisso deixei a guarda baixa pra ele achar q eu era burro tb.


la vem ele, todo tropeço da familia adams. Grande e lento. Um prato perfeito pra todo meu odio. Jah me perdoe por descontar em um dos meus semelhantes, mas é a vida.


Ele se adiantou, viu que eu nao afastei e previu surpresas. Ficou rodando em volta de mim. Cruzando os pés nas passadas, que amador.


Fiz uma finta, expus meu rostinho pra que ele tentasse bater, mas era uma lesma em forma humana e nao conseguiu nem ameaçar. Dei dois de direita sem alcance,

só pra distrai-lo. Juntei todo meu odio e força, e la fui; fechei a guarda com a direita, dei uma diretamente nos rins dele com a esquerda. Ele arqueou de dor, nisso aproveitei aquele

queixo exposto e dei o segundo de esquerda. Que gancho. Os pés dele quase q levantaram do chao.

No que ele caiu, voltei pra minha fogueira dei um gole na cachaca e deixei q levassem o que restou do Tropeço. 

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